Hoje, pela manhã, vi no noticiário que havia uma mulher na delegacia de plantão de Parnamirim, acusada de “danos morais” (foi assim que disse o repórter), invasão de domicílio e maus-tratos. Agora veja a estória (sem “h”, porque desconfio que não seja verdade!):
Um casal se conheceu na praia de Ponta Negra, em Natal, de madrugada. Ela com uma criança de 5 anos, ele morador do Pium (bairro próximo, porém não tão próximo assim!). A mulher, então, disse que precisava usar o banheiro e ele ofereceu o de sua casa (no Pium). Foram todos para lá, homem, mulher e criança.
Lá pelas tantas da madrugada, a vizinhança do condomínio de prédios onde morava o homem acordou com o barulho de uma confusão. Juntou gente para ver o que estava acontecendo. Choro e gritaria! Disseram, então, os vizinhos, que presenciaram a criança no colo do homem e a mulher batendo com um chinelo no rosto do inocente. Revoltados, os vizinhos teriam expulsado a mulher do condomínio e ligado para a polícia, ficando, os moradores, com a posse da criança! Sim, criança não é coisa, mas quem fica com ela provisoriamente tem sua “posse”.
A mulher revoltada porque tiraram a criança de seus braços, provavelmente seu filho, ficou enfurecida e escalou os muros do condomínio, entrando no apartamento em que estava a criança. Eu não entendi se era o mesmo que ela tinha ido usar o banheiro ou se era de um policial penal que morava no condomínio, pois apareceu um policial do nada (do neeeeida!).
Pois bem, enfurecida, arrombou a porta do apartamento e tomou a criança em suas mãos. Não duvide da força de uma mãe em busca de seu filho!
Fim da estória, todos na delegacia “conversando com o delegado”, segundo o repórter. O mesmo que disse que a mulher estava sendo autuada por “danos morais”.
Se você fosse essa mulher – que estava em “estado de necessidade” para usar o banheiro e depois em legítima defesa de sua prole, tomada por estranhos – o que faria naquela situação? E se fosse um vizinho, interviria?
Os antigos dirão que uma palmada não faz mal a ninguém; os mais novos repudiarão o ato de violência contra a criança; as mães irão entender o ato de desespero em pular o muro e arrombar a porta de um apartamento para buscar o filho; e, os desconfiados vão questionar o porquê ir até o Pium só para usar o banheiro.
Eu, como advogado, digo: toda estória tem dois lados – mesmos as sem “h” – e cada lado tem seus motivos e razões.
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